Após os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, a filha do
conhecido evangelista americano Billy Graham, Anna Morrow, respondendo à pergunta de um
jornalista que lhe desafiou a dizer onde estava Deus naquele momento, tentou
encontrar justificações nas atitudes recentes dos americanos, como deixar de
ler a Bíblia e orar na escolas, não repreender os filhos, liberalizar o aborto
ou massificar a pornografia. É claro que ela contornou a pergunta, no entanto
deu a entender que os atentados poderiam ser um castigo divino. Não creio nessa
tese, longe disso, caso contrário o mundo estaria destruído há séculos.
O meu professor de Panorama da Cultura Universal, Jorge Ramos, Pruna, um ateu confesso, com quem passava horas em profundas e profícuas conversas, disse-me um
dia que o livo de Jó, que se encontra na Bíblia, era, para ele, a maior obra da
literatura universal. É claro que ele fazia uma análise do conteúdo, da
beleza, do texto, do que da forma do livro, que ele considerava um produto da
criatividade genial do seu autor. Para ele o fantástico da obra era a falta de respostas ou a abundância delas.
Nas duas situações acima, tanto o jornalista que fez a pergunta a Anna
Morrow como os amigos de Jó no livro sagrado estavam mais preocupados com o "porquê".
Ou seja, porque permitiu Deus que os Estados Unidos fossem alvo de tão bárbaro
ataque e porque Jó estava a sofrer como se pode ler no seu livro. Perguntas
naturais, de seres humanos que, de repente, sentem-se impotentes frente a
eventos aos quais não conseguem fazer frente.
Como jornalista há 23 anos, a palavra "porquê" é parte
integrante da minha agenda diária. É uma das seis perguntas que um jornalista
deve fazer e/ou fazer-se ao elaborar um texto.
Como se pôde ver nas duas
situações referidas anteriormente, o "porquê" está intimamente
ligado ao ser humano, à sua inquitação permanente de conhecer a razão das
coisas.
O próprio Jesus foi confrontado com a mesma pergunta quando alguns, acompanhados de um cego, se
aproximaram dele e queriam saber se a cegueira do homem
era consequência do pecado dos pais, por exemplo. "Claro que não!",
respondeu Jesus e mostrou que mais do que saber o "porquê", é conhecer o
"como". Ou seja, como uma situação dificil pode abrir caminho a uma
outra bem melhor.
A lição que nos fica é que em vez de
tentarmos saber o "porquê" das coisas, procuremos conhecer
"como" Deus irá se glorificar em cada momento. Como se pode ver na imagem que ilustra este texto, não nos
preocupemos com a ponte, mas sim em como será a margem do outro lado.
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